Às vezes me pergunto se eu queria mesmo ter nascido. Quando cheguei aqui, será que minha alma já existia em outro lugar? Um universo paralelo onde eu esperava a minha vez de vir para a Terra?
Às vezes não queria existir. Meu coração dói mais do que sente felicidade. Mas, paradoxalmente, há momentos em que a felicidade vem tão grande que me mostra o quanto é bom estar viva. E quando a dor chega, chega com a mesma força ou até maior. É muito mais fácil lidar com a felicidade do que com a dor. A dor, muitas vezes, me pega de surpresa. Outras vezes eu me preparo, mas mesmo assim ela me atravessa com uma força fenomenal.
Eu não queria ter consciência. Não queria saber que meus pais envelhecem. Não queria sentir que crescer é bom e, ao mesmo tempo, dói. Crescer me dói todos os dias. Eu queria ser criança para sempre, mas meus pais também envelhecem. Será que existe um jeito de todos ficarmos na mesma idade para sempre? E, se houvesse, em que idade meus pais gostariam de permanecer?
Não quero envelhecer. Não quero que meus pais envelheçam. Não quero nem estar aqui às vezes. E me sinto injusta por pensar assim, porque conheço pessoas fantásticas que tornam minha vida maravilhosa. Tenho irmãos, tenho uma família que muitos invejariam. Nosso relacionamento tem problemas, mas é bonito, praticamente perfeito. Mesmo assim, dói pensar nas despedidas.
Quero ter meu próprio canto, mas também quero estar perto dos meus pais. Como viver esse equilíbrio? Como amadurecer, construir minha própria vida e, ao mesmo tempo, estar juntinho deles? Será isso impossível? Talvez não. Talvez seja diferente para cada pessoa, para cada família.
Só sei que viver não é fácil. Minha vida é feliz. Mas, às vezes, me pergunto se eu preferia não ter vivido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário